
Competições Implícitas
Essa semana eu fui a uma formatura. Eu estava muito feliz de comemorar aquela graduação, mas sentia que eu não tinha me preparado muito. Eu até …
A série Master of None chegou a sua 2ª temporada com uma aceitação incrível. Com a proposta de contar a história de Dev (Aziz Ansari), essa produção vai muito além de uma simples narrativa sobre a vida de um ator e comediante e se torna em uma narrativa sobre a vida. O sexto episódio da segunda temporada, intitulado “New York, I Love You”, deixa isso muito claro.
Toda grande metrópole possui uma imagem clara associada a ela, essa imagem é tão forte que permeia o senso comum. É assim com Tóquio, é assim com São Paulo e é assim com Nova Iorque. Essa imagem é de fato real, mas retrata apenas uma pequena parte do que cada cidade possui, em seus nuances, em suas particularidades e nos seus entornos. Além do mais, uma cidade é feita por pessoas. Creio que essa frase seja um resumo do que se trata esse episódio. Nessa história escrita por Cord Jefferson, a vida e os conflitos de Dev é deixada um pouco de lado para contar histórias de várias pessoas.
Um detalhe crucial para a narrativa é o fato de que os personagens retratados são, em geral, invisibilizados, principalmente por suas posições profissionais. Na vida corrida de uma grande cidade essas pessoas não são notadas, trata-se das histórias de um porteiro, uma atendente de mercado e um motorista de táxi. Claro, eles não são apenas suas profissões, eles são Eddie (Frank Harts), Maya (Treshelle Edmond) e Samuel (Enock Ntekereze). Pessoas comuns, vivendo suas vidas não tão glamourosas, porém incríveis. Em uma narrativa imersiva, os personagens são apresentados de forma sequencial e muito fluída, impedindo o afastamento do espectador. Além disso, um pequeno detalhe, no segundo ato nos transmite uma sensação de estranheza e logo após de reflexão. Ao retratar Maya, uma garota que possui deficiência auditiva, não existe áudio, colocando o espectador em patamar de igualdade com a personagem. Tudo isso, retratado com um humor leve e real.
A partir da exposição de uma pequena parcela do cotidiano dessas pessoas, é possível compreender muito sobre suas vidas, suas relações pessoais e seu relacionamento com a cidade. Indo desde a interação com o espaço, até a interação com a cidade como um grupo de pessoas. Os personagens são tão reais, tão palpáveis que torna-se fácil colocar-se em seus lugares. Atingindo uma relação tão intimista que chega a ser assustador. Em uma retratação sublime esse episódio tornou-se um dos meus preferidos, um show a parte de uma série que já é um espetáculo.
Essa semana eu fui a uma formatura. Eu estava muito feliz de comemorar aquela graduação, mas sentia que eu não tinha me preparado muito. Eu até …